O “dinheiro do nada” não é apenas uma criação financeira; é uma ferramenta de controle que permite a poucos controlar muitos. Através da criação de dinheiro por meio de dívidas, os bancos centrais e as elites financeiras conseguem manter nações inteiras e indivíduos em um ciclo interminável de endividamento. Esse sistema foi cuidadosamente construído ao longo de séculos, refinado por meio de crises econômicas, guerras e mudanças nas políticas monetárias. No entanto, a maioria das pessoas continua sem entender como esse sistema funciona, ou mesmo que ele existe. A dívida tornou-se o motor principal das economias modernas, mas ela não gera riqueza real — ela gera poder e controle para aqueles que dominam o sistema.
O conceito de “dinheiro do nada” é central para a compreensão dessa dinâmica. Cada vez que um banco concede um empréstimo, ele cria dinheiro que não existia antes, mas que deve ser pago com juros. Esse processo de criação de dinheiro a partir de dívidas faz com que, ao longo do tempo, a quantidade de dinheiro em circulação aumente, mas também faz com que o montante de dívida na economia cresça. Essa dívida é um fardo para governos, empresas e indivíduos, que precisam continuamente aumentar sua produtividade e renda para pagar esses débitos. E, no centro disso tudo, estão os bancos, que lucram não com a produção de bens ou serviços, mas com o simples ato de emprestar dinheiro que eles não possuem.
Esse sistema é altamente instável e está sujeito a colapsos periódicos, como vimos em crises econômicas ao longo da história. O crash de 1929, a crise do petróleo dos anos 1970, a bolha tecnológica do início dos anos 2000 e a crise financeira de 2008 são apenas alguns exemplos de como a criação de dinheiro baseada em dívida pode levar a colapsos catastróficos. Em cada um desses casos, o padrão se repete: a bolha é inflada por uma oferta excessiva de crédito, que leva ao aumento de preços de ativos como ações ou imóveis. Eventualmente, a bolha estoura, e aqueles que possuem ativos de verdade, como terras, empresas e commodities, saem fortalecidos, enquanto a maioria da população sofre com o desemprego, a queda do valor dos ativos e o aumento da dívida.
Manipulação dos Ciclos Econômicos: Criação de Booms e Depressões
Um dos aspectos mais engenhosos — e cruéis — do sistema financeiro atual é sua capacidade de manipular os ciclos econômicos. Como mencionado anteriormente, o conceito de “dinheiro do nada” permite que os bancos centrais e comerciais aumentem ou diminuam a quantidade de dinheiro em circulação à vontade. Quando querem estimular a economia, eles reduzem as taxas de juros e facilitam o crédito, fazendo com que mais dinheiro entre em circulação. Isso cria um período de crescimento econômico, ou “boom”, onde empresas e indivíduos pegam empréstimos, investem em novos negócios, compram casas, carros e outros bens.
No entanto, assim que a economia começa a aquecer demais e os preços de ativos começam a subir rapidamente, os mesmos bancos centrais podem apertar o crédito, elevando as taxas de juros e restringindo a oferta de dinheiro. Isso leva a uma desaceleração econômica, ou “recessão”, que geralmente culmina em uma crise. Empresas que se alavancaram demais não conseguem pagar seus empréstimos, pessoas perdem suas casas, e os bancos, que são os primeiros a perceber os sinais de alerta, recuperam os ativos reais (terras, imóveis, ações) em troca de dinheiro fictício.
Essa manipulação dos ciclos econômicos não é um acidente ou uma consequência natural do mercado; é uma estratégia deliberada das elites financeiras para redistribuir riqueza e manter o controle sobre a economia global. As crises econômicas, que deveriam ser vistas como falhas do sistema, são na verdade momentos de grande oportunidade para aqueles que estão no topo da pirâmide financeira.
Fonte: DINHEIRO DO NADA: E O FUTURO DO SISTEMA FINANCEIRO GLOBAL (Sena, Wellington – 2024, Openbook. Disponível na Amazon: https://a.co/d/1tAPtPe)