Por Wellington Sena
Nos últimos anos, as Forças Armadas Brasileiras enfrentam uma grave crise resultante dos sucessivos cortes orçamentários, comprometendo a capacidade de operação e prontidão da defesa nacional. A redução dos recursos financeiros para a Defesa, intensificada no ano de 2024, coloca em risco atividades essenciais, como o fornecimento de água, energia e até mesmo alimentação para as tropas, além de prejudicar a manutenção de equipamentos e programas estratégicos. Este cenário dramático revela uma deterioração que ameaça a segurança do país em um momento de crescente instabilidade na América Latina, especialmente com a crise na Venezuela.
Os cortes no orçamento afetam diretamente a manutenção de itens essenciais para a operacionalidade das tropas. A falta de recursos compromete a capacidade das Forças Armadas de adquirir helicópteros, blindados e mísseis, itens indispensáveis para a defesa territorial. Em 2024, a situação se agravou quando o Ministério da Defesa solicitou um valor emergencial de R$ 1,4 bilhão ao governo para cobrir despesas básicas até o final do ano, mas encontrou resistência na equipe econômica. A falta de liberação de recursos levou ao corte de R$ 675 milhões, intensificando ainda mais a crise(.
A dramática redução do orçamento “livre” da Defesa, excluindo salários, que caiu de R$ 20 bilhões em 2014 para apenas R$ 11 bilhões em 2024, afeta não apenas a modernização das Forças Armadas, mas também a capacidade de manter a segurança do território. Programas estratégicos, como a aquisição dos caças Gripen para a Força Aérea e o desenvolvimento do submarino nuclear pela Marinha, foram postergados, e a suspensão de treinamentos, manobras militares e exercícios conjuntos prejudicam a preparação e o intercâmbio de conhecimento com outras nações.
Dentro das Forças Armadas, o clima é de desestímulo e preocupação. Militares relatam que o desamparo orçamentário afeta diretamente o moral das tropas, o que se reflete no aumento de pedidos de baixa e na dificuldade de recrutamento. Sem verbas suficientes, o treinamento de novos militares é prejudicado, afetando a qualidade das tropas. Na Aeronáutica, medidas austeras, como a redução do expediente para economizar com alimentação e energia, já foram implementadas. O Exército, por sua vez, enfrenta dificuldades para manter operações de vigilância em áreas de fronteira, especialmente na região da Venezuela, considerada estratégica.
A crescente tensão na América Latina e o enfraquecimento das Forças Armadas brasileiras diante dos cortes orçamentários são um alerta para o governo, que deve reconhecer a importância de manter uma estrutura militar forte e bem equipada. Negligenciar a defesa pode ter consequências irreparáveis para a soberania nacional. A história mostra que nações que ignoram suas necessidades militares pagam um preço alto em tempos de crise, e o Brasil precisa agir rapidamente para garantir que suas Forças Armadas estejam preparadas para enfrentar os desafios futuros.
Em meio a esse cenário de incertezas, a dedicação dos militares brasileiros permanece, mas, sem o suporte financeiro necessário, a capacidade de cumprir as missões que garantem a segurança do país está cada vez mais comprometida.