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Responsabilidade com a igreja, sim; com o cliente, não

João Trindade – Advogado

Fiquei estupefato, nesta semana, com a resposta que me deu um comerciante aqui do Bairro dos Estados, proprietário de um comércio aonde ia sempre – digo ia, porque, a partir de agora, não irei mais.
Tal comerciante já é contumaz em não estar nem aí com o cliente. Você chega lá, no meio da tarde, o estabelecimento está fechado:
– Ele foi ao banco (diz o porteiro do pequeno condomínio).
Noutro dia, a resposta foi:
– Ele foi à loteria.
Há uns dois dias, aconteceu novamente; só que a resposta do porteiro, referindo-se às inúmeras “viagens perdidas” que já dei lá, foi hilariante:
– O senhor tem sorte!… Ele foi à loteria; acabou de sair.
Ao voltar lá, não aguentei e perguntei ao proprietário do estabelecimento:
– Diga-me uma coisa: o senhor fecha o estabelecimento às cinco da tarde, certo?
– Certo.
– Pois se o senhor fecha às cinco da tarde e a loteria, que é pertinho daqui, fecha às seis, porque não deixa para ir após fechar o estabelecimento?
– Não, porque tenho que sair às cinco, em ponto, para não me atrasar na igreja.
Brincando, falei: Ah, para não ser castigado, não é?
A resposta dele:
– Não! Por questão de responsabilidade.
Ou seja: A responsabilidade com a igreja é fundamental; com o cliente, não… Afinal, este é, apenas, um mero detalhe.