João Trindade
O jogador Neymar prestou depoimento nesta terça-feira (18) a um tribunal espanhol sobre as possíveis irregularidades na transferência do Santos para o Barcelona, em 2013. No primeiro dia do processo, segunda-feira (17), ele não fez qualquer declaração; mas, na terça, afirmou, em julgamento, que assinava os documentos que o pai pedia.
Após essa declaração, o atacante não será obrigado a acompanhar, presencialmente, o julgamento, mas poderá prestar novo depoimento, antes do fim do processo, previsto para 31 de outubro, por videoconferência.
Entenda o caso
O Ministério Público requer a pena de dois anos de prisão para Neymar e o pagamento de uma multa de 10 milhões de euros.
Os pais de Neymar, os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu e o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho também são processados, assim como três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais do jogador para administrar a carreira deste.
Todos são acusados pelo fundo de investimentos DIS, que possuía parte dos direitos econômicos de Neymar, quando ele era apenas uma jovem promessa, e alegam ocultação do real valor de sua transferência para o Barcelona, 2013.
O FC Barcelona anunciou, num primeiro momento, que a contratação de Neymar custara 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), mas a justiça espanhola calculou que a operação custou ao menos EUR 83 milhões.
Para o DIS (fundo de investimento esportivo que pertencia ao grupo brasileiro de supermercados Sonda), o Barcelona, Neymar e, mais tarde, o Santos aliaram-se para ocultar o valor real da operação, por meio de outros contratos dos quais ficou de fora.
A empresa, que adquiriu 40% dos direitos econômicos do jogador em 2009, recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos, oficialmente, ao clube brasileiro.
Por considerar-se duplamente prejudicado, tanto por não ter recebido sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barcelona – que impediu outros clubes de disputar a contratação do atacante –, o fundo pede a restituição dos 35 milhões de euros, que calcula ter perdido.
O grupo pede, ainda, cinco anos de prisão para o jogador, Rosell e Bartomeu; além de multas milionárias.
Os advogados do brasileiro negam qualquer irregularidade e afirmam que a Espanha não tem competência legal para o caso.
Convocado pela promotoria para explicar o caso, pois o negócio poderia ter prejudicado outros clubes que pretendiam o atleta, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, afirmou que os jogadores vão para aonde querem.
Será? Não é bem assim, uma vez que se havia uma empresa detentora dos direitos não vale – é lógico – essa vontade unilateral do jogador. E, no caso em questão, não se está discutindo o fato de ele haver ido para o Barcelona, mas sim, a possível corrupção praticada.